Única dermatologista brasileira especializada em pele negra é egressa do Unifeso

Katleen da Cruz Conceição é egressa do curso de Medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) e em sua agenda de pacientes constam nomes como Lázaro Ramos, Taís Araújo, Preta Gil, Cris Vianna, Thiaguinho, Juliana Alves e Érika Januza. Eles fazem parte de um time de famosos que entrega o rosto e o corpo aos cuidados da única dermatologista brasileira especializada em tratamentos para a pele negra.

Katleen se formou em 1997, fez estágio na Santa Casa de Misericórdia por dois anos e, depois, residência na Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente, trabalha no grupo Paula Bellotti, onde criou, com a Dra. Paula Bellotti, o setor pioneiro de dermatologia para pele negra do Brasil, há 10 anos. É lá que a médica realiza lasers específicos para pele negra. Ela também atende em um consultório no Leblon, no Rio de Janeiro, e realiza trabalho voluntário na Santa Casa de Misericórdia, atendendo a comunidade carente, com patologias específicas para a pele negra.

“Minha experiência no Unifeso foi maravilhosa. Minha turma era, ao mesmo tempo, super animada e estudiosa. Éramos muito unidos e até hoje nos reunimos. Nosso último encontro foi este ano, em julho”, contou.

A médica, que é filha de um dermatologista, ressalta que a pele negra não é simples, tem muitas diferenças e peculiaridades, exige dedicação e muito, mas muito estudo. “Nunca tinha visto ou conhecido um dermatologista negro, a não ser meu pai.  Quando fui aos Estados Unidos, há 16 anos, vi muitos dermatologistas negros e perguntei se eles estudavam pele negra. Assisti a uma aula de oito horas só sobre a pele negra. Chorei ao final da aula e decidi que iria estudar somente pele negra. Fiz cursos nos EUA e na Europa, faço parte da Skin Of Color Society (EUA), sociedade que estuda somente patologias de pele negra, e frequento há 10 anos um congresso somente de skin of color/pele negra nos EUA. Testei e testo muitos aparelhos de laser na minha própria pele para ajustar a fluência exata, para não manchar ou queimar a pele negra”, explicou Katleen.

Ela diz que enfrentou muitas barreiras na carreira, já que quis se especializar em um segmento ainda pouco explorado pela literatura e pelo mercado naquela época.  “Senti o racismo em algumas instituições. Eu questionava o uso dos lasers para pele negra e muitos médicos falavam que pacientes de pele negra não tinham dinheiro, que filtro solar era só para pele clara”, contou.

Cuidados

As questões dermatológicas que têm maior incidência em peles negras são manchas escuras e brancas, alopecias, foliculite e quelóide/cicatriz hipertrófica. Em relação aos os principais cuidados que as mulheres de pele negra devem ter no dia a dia, a Dra. Katleen destaca: “minha primeira orientação é utilizar filtro solar diariamente e reaplicar de três em três horas, mesmo em dias nublados e chuvosos; pois a pele negra mancha com facilidade. Além disso, por ser uma pele mais oleosa deve se utilizar no rosto sabonetes, de preferência, com ácido salicílico e glicólico. No corpo a pele é mais ressecada, por isso, sugiro hidratantes com macadâmia ou óleo de coco. Já os cabelos são mais quebradiços, mais suscetíveis à queda e à quebra, necessitando de orientações específicas”, disse.

Por Juliana Lila