CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS




XII Jornada de Produção Acadêmica da IETC reúne 32 trabalhos de estudantes do curso de Medicina

03-12-2019

O curso de graduação em Medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) concebe a formação médica a partir do mundo do trabalho e para o mundo do trabalho. Para isto, tem um componente curricular chamado IETC (Integração Ensino, Trabalho e Comunidade). 

Os estudantes, do primeiro ao quarto período, apresentaram os trabalhos desenvolvidos na XII Jornada de Produção Acadêmica da IETC na Atenção Básica à Saúde do Curso de Medicina do Unifeso. O evento aconteceu no dia 29 de novembro, quando 32 trabalhos foram apresentados. A estudante Luana Machado Fonseca, do 1° período do curso de Medicina, emocionou a todos com uma carta que escreveu sobre a experiência que teve com a IETC (leia na íntegra abaixo).

“O principal objetivo da IETC é inserir os estudantes, a partir do primeiro período da graduação, na comunidade e em serviços de saúde, tais como: serviços de atenção básica à saúde, creches e escolas do município, atuando na saúde escolar; unidades de saúde da família; serviços de saúde mental; centro materno-infantil; entre outros”, contou Georgia Lobato, professora do curso de Medicina e coordenadora da IETC do primeiro ao quarto período.

A jornada de atenção básica compreende os quatro primeiros períodos do curso, em que os estudantes apresentam, em grupo, os trabalhos desenvolvidos, no semestre, nos diferentes cenários de prática onde estiveram. Eles apresentam os trabalhos realizados com o acompanhamento e a supervisão de um professor.

Um dos trabalhos apresentados na ocasião foi "Musicoterapia e sua influência no cotidiano do indivíduo com Síndrome de Down", dos alunos do 2º período, que contou com uma apresentação musical dos frequentadores da Associação Síndrome de Down (Assind). 

“Os alunos fizeram um trabalho científico, após passarem três meses convivendo com os usuários da Assind. Através da musicoterapia, eles ajudaram as pessoas a melhorarem a cognição, a memória e a se expressarem melhor. Um trabalho belíssimo”, explicou o professor Paulo Cesar de Oliveira, coordenador do segundo período.

A estudante Sandra Regina Lima de Castro Lemos Pita, participante do grupo que apresentou o trabalho sobre musicalização, contou que as pessoas com Síndrome de Down têm uma dificuldade significativa para decorar letra de música, por isso, o grupo se dispôs a ir à Assind, em outros horários além dos propostos, para ensaiar com elas. “A música nos aproximou muito deles, porque eles amam dançar. Para nós, ficou claro que a música aproxima as pessoas. As famílias também ajudaram muito. E os usuários da Assind amaram a ideia de vir aqui fazer a apresentação”, disse.

Sandra também ressaltou a importância de projetos como a IETC para a formação acadêmica. “Para nós, enquanto médicos em formação, foi muito bom ter esse olhar sobre o outro, sobre a necessidade do outro. Através da IETC, o Unifeso nos leva a conhecer os cenários de prática, e um dos cenários que nos foi apresentado foi a Assind. Por pura falta de experiência, chegamos lá sem entender as necessidades das pessoas com Síndrome de Down. Preparamos uma atividade para trabalhar com eles sobre o corpo humano e não tínhamos noção de que o assunto era denso demais para eles. Daí, levamos um violão para uma das apresentações e percebemos que o trabalho ideal não era sobre o corpo humano, mas a música, acima de tudo”, disse.



Carta da estudante Luana Machado Fonseca 

1° período - Medicina




No IETC eu aprendi 

A ver coisas que não vi 

A perceber que as diferenças 

Moram perto; não são pequenas



Despretensioso a gente chega 

Pra marcar uma presença 

E assinar numa folha 

As letras de uma escolha 



Escolha essa que é singular 

Pra se saber onde quer chegar 

E de uma assinatura uma história 

Que ficará pra sempre na memória 



Na creche a gente começa 

A entender como expressa 

A instabilidade emergente

Numa criança carente



O abraço que é gigante 

Dos braços de um infante 

Que desarma qualquer conceito 

E derruba preconceito 



Aquele sorriso sincero

Que diz "tia, eu te quero"

Que te desmonta por inteiro 

E te faz sentir mais um produto do meio 



Já na UPA a gente vê

Que se faz acontecer 

Mesmo que falte na política 

Ainda se salvam vidas



Na fila da emergência

Muita gente não aguenta

E no olhar de tanta dor 

Só agradeço entao, Senhor



Atrás da doença, uma filha ausente 

Uma senhora que sente 

A angústia da espera 

De uma atenção que supera 



Supera aquele sintoma 

Que no toque desmorona 

E não se lembra o porquê 

Apenas ouvidos a oferecer 



Muito pouco posso dar 

Para tentar amenizar 

O sofrimento que é certo 

Mas conserto no afeto 



No olhar ao paciente 

Que não sabe o que sente 

Mas espera do doutor 

Uma palavra de amor 



No HCTCO 

Minha garganta deu nó

Em saber que grande parte 

Atende a comunidade 



Comunidade carente 

De um sentimento emergente 

Mas que nessa estrutura 

Tem sua vida segura 



Na fazenda Ermitage

O reflexo da imagem 

De uma senhora que sente 

O cuidado da gente 



No seu alcance oferece 

E no café ela agradece 

O olhar de obrigada 

Pela atenção prestada



Ja na UBSF

Sob todo um estresse 

Da agente comunitária 

Que recebe uma migalha 



Mas que leva assistência

Nos degraus, resiliência 

Sob o sol de meio-dia 

Com amor e maestria 



Uma experiência implacável

Muitos fatos: memorável

Que de um período levarei 

Como bagagem juntarei



Dessa vida o que se leva 

É o detalhe que revela 

No espelho projetado 

Um futuro bem pensado 



Um conselho é bem-vindo 

No começo do ensino

Faça tudo que puder 

Então seja quem quiser



Por Juliana Lila



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