Há cerca de 30 dias entramos em um momento ímpar da história do mundo. A COVID-19 trouxe momentos de total incerteza e decisões muitas vezes difíceis de serem tomadas. A pandemia afeta não só a saúde, mas a economia também. Boa parte do comércio parou de funcionar, empresas sentem queda drástica no volume de produções, outras tiveram que dispensar funcionários ou colocaram seus colaboradores em home office, alterando a dinâmica e a rotina do trabalho.
O governo vem buscando alternativas para ajudar as empresas e a população em geral, mas o fato é que, nessas crises, a dificuldade é sempre pesada para o pequeno empresário.
Paulo Henrique Tayth Sonh, professor dos cursos de Administração e de Ciências Contábeis do Centro Universitário Serra os Órgãos (Unifeso), conversou com o Feso News e deixou algumas dicas para micro e pequenas empresas. “São pontos importantes a serem observados para ultrapassar este período e ter a possibilidade de enfrentar os meses difíceis que estão por vir”, destacou o professor. Confira:
1ª dica – Para você que paga aluguel, entre em contato com seu locador e negocie seu contrato, lembre que o momento é de dificuldade para todos e, com isto, os locadores estão mais receptíveis à negociação. Não negocie somente o presente, pois passaremos por meses difíceis à frente, então, para aqueles que têm contratos onde constem aluguéis mínimos e percentuais, tente quebrar a cláusula do AMM e permanecer, no mínimo, por 12 meses somente com aluguel percentual. Desta forma, tanto locador como locatário estarão no mesmo barco em um mercado de tantas incertezas.
2ª dica – A folha de pagamento. Neste item temos várias possibilidades, segundo a MP 936 de 01/04/2020, porém, faça uma análise minuciosa se você não terá que reduzir a quantidade de pessoas para adequar a nova realidade:
a) A Redução de jornada de trabalho em 25%, 50% ou 70% por até 90 dias. Esta é uma modalidade que você deve adotar caso a sua empresa tenha possibilidade de continuar realizando algum trabalho, seja ele presencial ou on-line. Neste caso, a empresa reduz o salário na mesma razão da redução da jornada, e o governo faz um complemento de salário ao funcionário com base nas regras do seguro desemprego, seguindo a proporcionalidade da redução.
b) O segundo ponto é a Suspensão temporária do contrato de trabalho, modalidade através da qual a empresa suspende o contrato por, no máximo, 60 dias. Dependendo do porte, a empresa pode não ter custo algum com o funcionário neste período. Caso o faturamento da empresa supere R$ 4.800.000,00 por ano, a mesma deverá dar, a título de ajuda de custo, o valor equivalente a 30% do salário do funcionário, e o governo, dentro das regras do seguro desemprego, paga o proporcional a 70%.
3ª dica – Despesas fixas. Este é o momento para o corte de todas as despesas que não sejam essenciais para o funcionamento do negócio, não pense duas vezes, reduza ao máximo.
4ª dica – Impostos. Acompanhe diariamente as medidas adotadas pelo governo. Atualmente, já temos a prorrogação de impostos por 90 dias e, com certeza, surgirão parcelamentos especiais.
5ª dica – Empréstimos. Tome cuidado ao adquirir empréstimos, as linhas anunciadas pelo governo chegam às empresas através dos agentes financeiros (bancos), com isto, faça com cuidado as contas pois o SPREAD bancário não está baixo, e os bancos, ao contrario do que é anunciado, só emprestarão para aqueles que tiverem garantias para dar. Faça seu fluxo de caixa prevendo cenários pessimistas e otimistas para os próximos 120 dias, pois assim ficará mais fácil a tomada de decisão.
Paulo Henrique lembra que, nos próximos meses, veremos uma grande quantidade de empresas fechando suas portas e que sobreviverão aqueles que tomarem as melhores decisões, com a maior velocidade possível. “Por isso, sugiro aos micro e pequenos empresários que montem seus orçamentos e acompanhem a estratégia traçada todos os dias, não deixem para a próxima semana a decisão que pode ser tomada nesta. Não existe formula mágica, mas, além das dicas anteriores, apostem muito no comércio eletrônico, se reinventem e tenham como prioridade o item mais importante para que você não ‘quebre’. Cuide do seu caixa, ele é o divisor de águas entre a morte e a sobrevivência de sua empresa”, explica o professor.
Por Juliana Lila
