CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS




Estudante de Medicina vai para a África fazer trabalho humanitário

26-12-2019

João Alberto Anzolin Neto é estudante de Medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), é natural de Juiz de Fora (MG), é também palhaço e, em breve, cruzará o oceano para fazer o que mais gosta: ajudar o maior número de pessoas que puder. João, ou palhaço Anzol, como também é conhecido, é puro coração e irá de encontro ao coração da civilização humana, a África, para realizar um trabalho voluntário, que terá como focos a saúde e a alegria, suas duas paixões.

Em fevereiro de 2020, o estudante embarcará para a aventura, em Angola, mas precisará levar na mala itens básicos e medicamentos, afinal, trata-se da população que tem o maior índice de mortalidade infantil do mundo. Para o custeio, João está, literalmente, passando o chapéu. Os interessados em ajudar podem entrar em contato, pelo perfil do Instagram @joaoalbertoanzolin.

O Unifeso News conversou com o estudante para saber mais detalhes da viagem.

Unifeso News: Há quanto tempo você está envolvido com projetos voltados para humanização?

João Alberto: Desenvolvo um projeto voltado para a humanização há 6 anos. Tenho dois cursos de palhaçaria, sendo um voltado para palhaços em hospitais. Fiz também um curso intensivo de Circo, em São Paulo.

De onde surgiu o interesse de ser palhaço?

Com esses cursos, descobri a essência do palhaço. O palhaço não é um personagem, é simplesmente a sua verdade colocada em uma lupa. Já vi muitas pessoas entrarem no mundo do palhaço e serem curadas de não-aceitação, por exemplo.

Acredito que quando você tem que montar um personagem, sair da sua personalidade e ir pro hospital, isso se torna um fardo. Quando entendemos que o palhaço é a nossa verdade, se torna muito mais fácil. Podemos expressar quem somos de uma maneira contagiante, com a menor máscara do mundo, que é o nariz de palhaço, e tornar o momento dos que estão em volta melhor.

Como palhaço, já fiz trabalhos em hospitais, asilos, creches, lixões, igrejas, com moradores de rua...

Participou do Programa Alegria com outros estudantes do Unifeso?

Ingressei no Programa Alegria há, aproximadamente, um ano. Fiz todos workshops com eles, mas nunca cheguei a fazer visitas. O Programa Alegria é excelente para os alunos e para as pessoas que são visitadas. É um lindo projeto.



Quais os benefícios que projetos como esses trazem ao paciente? E ao profissional/ estudante de Medicina?

Pensando pelo lado do paciente, ele está acamado, sem ter como sair e na mesma rotina, com os mesmos enfermeiros e médicos. "Adestrado" a tomar medicações em momentos pré-definidos e tudo mais. Quando chega um palhaço, pedindo licença para adentrar o quarto, essa atitude já mostra um enorme respeito ao paciente, e o próprio se sente agente ativo do seu processo de cura. As brincadeiras, as conversas e, até mesmo, a escuta ao paciente, fazem com que a internação se torne mais leve.

Para os profissionais da Saúde, creio que enquanto estamos como palhaços, podemos olhar realmente as queixas do paciente, aprofundar na sua história e nos tornar médicos mais humanos, que não veem os pacientes como um depósito de medicamento, mas sim como uma pessoa que, por trás da internação, tem uma história. Nos tornamos menos robôs.

Como surgiu o palhaço Anzol?

Palhaço Anzol nasceu no coração de Deus, e foi um presente na minha vida. Anzol é tudo o que sou, toda a verdade que posso expressar. Não é um personagem, porque não tenho que fazer roteiros, falas e nem me desvincular de quem sou. Anzol é minha verdade!

Já fui atleta profissional de natação (água - anzol), meu sobrenome é Anzolin (anzol) e meu objetivo no mundo é conseguir fisgar (anzol) pessoas que já não têm um sorriso de esperança há muito tempo, e mostrar que a esperança do mundo está viva.

De onde veio a oportunidade de ir para Angola, na África?

Um dos cursos que fiz foi com a Trupe Miolo Mole, do Rio de Janeiro. A trupe esteve em Angola no início de 2019, e surgiu a oportunidade de ir novamente, em fevereiro de 2020. A Medicina me abriu a porta para ir servir como palhaço e como "médico" para a população que tem o maior índice de mortalidade infantil do mundo. Em Angola, quase não há médicos, pelas condições precárias de trabalho. 

Qual trabalho irá desenvolver por lá?

Vai ser uma viagem para servir os que mais precisam mesmo, porque não teremos luxo algum. Vamos pra São Paulo de ônibus, porque a passagem para Angola de lá é mais barata. Iremos pra São Paulo (6 horas de viagem), depois pegaremos o voo para Angola (8 horas de viagem), chegaremos em Luanda e vamos pegar um ônibus para Bié (12 horas de viagem), onde ficaremos hospedados na Aldeia Nissi, um projeto que cuida de mais de 1.000 crianças, inclusive crianças albinas, que sofrem muito com a intensidade solar.

Na aldeia Nissi há professores brasileiros. Teremos trabalho com as crianças e com os professores também. O projeto envolve ações sociais, e uma delas será tocada por mim, que terá como foco a saúde. Não posso prescrever porque ainda não sou médico, mas posso passar orientações, tratar de feridas e ajudar no que for preciso. Estou correndo atrás para conseguir levar medicamentos.

Após a ação na aldeia, voltaremos para Luanda, onde visitaremos hospitais e realizaremos algumas ações. Serão dias bastante corridos.

Quanto tempo ficará lá?

Pegaremos o voo no dia 22 de fevereiro e voltaremos dia 4 de março. 

Como as pessoas podem colaborar com o projeto?

Preciso de ajuda financeira para conseguir comprar medicamentos e para custear alguns gastos da viagem do grupo. O que vier de ajuda será sensacional para nós. Nosso intuito é servir e levar amor para essas pessoas. Quem não puder ajudar financeiramente pode ajudar divulgando o meu Instagram (@joaoalbertoanzolin) e fazendo essa história chegar a mais pessoas. Os medicamentos que mais necessitamos são dipirona, remédio para vermes, sulfadiazina de prata e óleo de girassol, para queimaduras, nebacetin, entre outros.

Por que escolheu a Medicina como profissão?

Muita gente faz o curso de Medicina visando o dinheiro, mas para mim é um curso que abre muitas portas para que eu consiga ajudar o maior número de pessoas possível. Meu coração sempre teve este foco. 

Pensa em fazer qual especialização?

Penso em me especializar em Medicina da Família, para justamente conseguir ajudar um número maior de pessoas. 



Por Juliana Lila



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