Unifeso - Campus Quinta do Paraíso recebe estação geotécnica do Cemaden

CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS




Campus Quinta do Paraíso recebe estação geotécnica do Cemaden

29-11-2021

Já é sabido que a Região Serrana do Rio de Janeiro é suscetível a desastres naturais ocasionados, principalmente, por conta das chuvas. A região foi assolada por uma das maiores tragédias do tipo ocorridas no país, a de 2011. O fato motivou a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), um braço técnico das Defesas Civis municipais, estaduais e federais. 

A implantação do órgão se deu após observarem que as informações e dados estavam dispersos. “Com o surgimento do Cemaden, tentamos integrar toda a rede instalada pela instituição, mas também as já existentes e que estavam seccionadas e separadas do sistema. Então foi uma junção de esforços entre as instâncias. Foram estabelecidos comunicação, hierarquia e protocolos de ação”, explica Márcio Magalhães de Andrade, geólogo e pesquisador da Coordenadoria Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden.

Márcio e uma equipe de técnicos da instituição estiveram em Teresópolis, na semana de 22 de novembro, para implantarem estações geotécnicas na cidade. Foi a Defesa Civil municipal quem indicou os locais para instalação dos equipamentos. Um deles ficou no campus Quinta do Paraíso, na Prata, local onde atua o curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso). 

“A ideia é que façamos alguns trabalhos em parceria com o Cemaden, aproveitando os nossos laboratórios. A proposta é ter uma estação gerando dados para a sociedade, e começarmos a utilizar esses dados também para as atividades de ensino e, principalmente, para os projetos de pesquisa e para os trabalhos de graduação dos alunos. Já temos uma infraestrutura de análise de solos em nossos laboratórios, então conseguiremos ter produtos para a sociedade com retorno muito significativo. Combinamos que, no ano que vem, faremos um workshop envolvendo os nossos professores, estudantes e os profissionais do Cemaden para traçarmos uma estratégia de trabalho em parceria para 2022, envolvendo também o Proteger Teresópolis. O ideal seria conciliar os dados levantados pela estação com os nossos dados do Proteger”, explica a professora Vivian Paim, diretora do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) do Unifeso.

O Cemaden fica no Parque Tecnológico de São José dos Campos, em SP. É uma instituição federal, ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo papel é trabalhar em uma das frentes da gestão dos desastres naturais no Brasil, que é a de monitoramento dos parâmetros ambientais que fazem parte dos fatores desencadeadores de desastres. “Hoje estamos na cidade trabalhando em uma das modalidades de desastres que é a de deslizamentos de terra, muito frequentes no nosso país. As outras modalidades são as inundações, as estiagens e secas severas e as queimadas florestais”, contou Márcio. 

O primeiro parâmetro que o Cemaden tem trabalhado desde a sua criação é o monitoramento de chuvas. Através de valores críticos, observados em tempo real, são emitidos alertas para as Defesas Civis de todo o país. “Temos uma ampla rede distribuída no Brasil, contamos com mais de quatro mil pluviômetros espalhados em território nacional e nove radares meteorológicos”, disse o geólogo. Essa rede opera em tempo real, ou seja, transmite informações, a cada 10 minutos, para uma central composta por operadores que trabalham em plantões de 24 horas. Fazem parte da equipe operadores de geociências, de hidrologia, de desastres e os meteorologistas, que fazem a observação e a previsão. 

O Cemaden atua em três braços: o de monitoramento, que envolve engenharia e rede; o de alerta, que envolve as salas de operações; e o de pesquisa. Uma das sondagens feitas pelo órgão é para determinar a quantidade de água que o solo de um determinado local consegue absorver. “O solo é uma esponja e nós assentamos todas as nossas construções em cima do dele, ou seja, ele é o nosso suporte. Em áreas inclinadas, o solo pode perder estabilidade. O deslizamento, então, é simplesmente a perda de estabilidade de uma área inclinada, ocasionada pela chuva, que infiltra no solo e pode alterar sua pressão. Por isso, é importante saber qual o máximo de água que o solo consegue absorver, e esse máximo aponta qual é o mínimo de resistência, ou seja, quando está suscetível à queda, à ruptura e à desestabilização. Sendo assim, cientes do limite de cada região, os alertas emitidos são mais precisos”, explica Márcio. 

Segundo ele, o objetivo do trabalho do Cemaden é ampliar a precisão nos alertas. “O alerta tem que ser preciso, e isso não é uma coisa simples. Ele tem um custo, um impacto, tem que mobilizar recursos financeiros das prefeituras e das pessoas, que muitas vezes têm que ser evacuadas, e a gente sabe que isso é muito traumático. Alertas que não se confirmam deixam uma conta alta e perdem a credibilidade com a população”, destacou.

Estações Geotécnicas

Em Teresópolis, as estações geotécnicas foram instaladas no campus Quinta do Paraíso, do Unifeso, no Parque Municipal Natural Montanhas de Teresópolis, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no bairro São Pedro e no Campo Limpo. O equipamento conta com um sensor de umidade do solo. A ideia é observar os padrões de chuva e ver como que o sensor se comporta, pois é ele quem vai ajudar os técnicos a entenderem o papel da infiltração da água no solo da região, além do tempo, da permeabilidade e do volume.

As estações são totalmente autômatas, elas dispõem de um painel solar que carrega uma bateria, alimentando o sistema de armazenamento de dados e de transmissão, via moden com telefonia celular. As estações estão ligadas ao sensor de umidade do solo, e a transmissão dos dados é feita a cada dez minutos. Segundo Márcio, o monitoramento que o órgão está fazendo na cidade é específico para instabilidade de maciço de solo, ou talude de solo. Vale destacar, também, que o Cemaden já tinha outros pluviômetros instalados em Teresópolis. 

Parceria acadêmica

O Cemaden realiza parcerias com faculdades, com centros de pesquisa nacionais e internacionais. Segundo Márcio, essas parcerias são muito importantes para o braço de pesquisa da instituição, “já que temos que trabalhar em um território com paisagens muito diversificadas e com questões culturais muito próprias”, disse. 

Ele destacou que a Região Serrana do Rio de Janeiro tem uma demanda grande por engenharia geotécnica. “Estamos um uma região com muita interferência urbana, com um histórico triste de deslizamentos. É evidente a importância de se ter trabalhos, serviços e profissionais de engenharia para atuar nisso. Tudo indica que os fenômenos naturais tendem a ser cada vez mais intensos, e precisamos ter profissionais com competências e habilidades para trabalhar nessa área, que é muito desafiadora. Queremos ter relações estreitas com o curso de Engenharia do Unifeso para que possamos levar essas problemáticas aos estudantes. Há uma oportunidade muito grande na área, ou seja, há muito mercado para atuarem”, informou o geólogo. 

Por Juliana Lila

 

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