Discutir as questões do racismo ambiental e as ferramentas que o planejamento urbano e o urbanismo social têm em relação a isto. Este foi o objetivo da palestra “Planejamento urbano e urbanismo como ferramentas de combate ao racismo ambiental”, proferida por Luciana Mayrink. Ela foi convidada pelo curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) para palestrar no VIII Congresso Acadêmico-Científico do Unifeso (VIII Confeso), que aconteceu de 2 a 4 de outubro.

Luciana é arquiteta e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Arquitetura pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura da UFRJ e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ com o projeto Espaços Pretos: Resistência e vida na luta pela visibilidade no planejamento urbano no Brasil. “Nós, arquitetos, somos constantemente atravessados por muitas questões na cidade, principalmente pela maneira como as nossas cidades coloniais foram construídas. Costumamos dizer que o Brasil foi descoberto, mas não é bem isso. Na verdade, fomos invadidos e, ao longo desse processo, foram sequestradas muitas pessoas, milhões delas entraram pelos portos do Rio de Janeiro. Temos uma conformação social bem complexa. Não era um projeto de país, mas de colônia. Fomos passando por esse processo até nos tornarmos o que somos hoje. E tudo isso foi construído a partir de políticas diretamente ligadas à eugenia ao fortalecimento das pessoas brancas, à colocação dos negros sempre na base da pirâmide, e na dificuldade de os negros comprarem terras. Por isso é interessante vermos as cidades a partir da história, mas esta é sempre contada pelo olhar do colonizador”, explicou a conferencista.



A professora Letícia Prudente, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Unifeso, contou como a programação do VIII Confeso foi elaborada pelo curso. “Como este ano o Confeso está lidando com as temáticas dos direitos humanos e das questões ambientais, focamos as palestras nas lógicas sociais e ambientais. Organizamos oficinas e palestras para os dois dias de congresso. As oficinas ficaram focadas em computação gráfica e na prática, seguindo a demanda dos estudantes. De forma geral, trabalhamos o empoderamento dos alunos, questões amplas do território de planejamento urbano, questões práticas de atuação profissional dentro da frente de assistência técnica social. Nos dias que sucedem o Confeso teremos também as bancas intermediárias dos trabalhos finais de graduação, com a participação de vários convidados externos”, explicou a coordenadora.

Por Juliana Lila